Conta
a lenda que uma vez uma serpente começou a perseguir um vaga-lume.
Este fugia
rápido, com medo da feroz predadora e a serpente nem pensava em desistir.
Fugiu
um dia e ela não desistia.
Dois dias, e nada...
No
terceiro dia, já sem forças, o vaga-lume parou e disse à cobra:
-
Posso lhe fazer três perguntas?
- Não
costumo abrir esse precedente para ninguém, mas já que vou te devorar mesmo,
podes perguntar...
-
Pertenço a tua cadeia alimentar?
-
Não.
- Eu
te fiz algum mal?
-
Não.
-
Então, por que você queres acabar comigo?
-
Porque não suporto ver-te brilhar...
C O N C L U S Ã O
* * *
É bem triste constatar que
ainda existam pessoas como a serpente desta história...
O ideal seria que
soubéssemos ajudar os outros a brilhar para que, assim, o nosso próprio brilho
pudesse aumentar e servir de farol para outros tantos que ainda precisam de uma
"estrela guia" à frente para saber o caminho a seguir.
Somos
tão cegos em nosso orgulho e egoísmo que não percebemos que, ao invejar o
brilho do outro, tentando impedi-lo de emitir sua luz, embotamos nosso próprio
brilho, escondendo a nossa luz sob as trevas de nosso próprio ego.
Não
percebemos que também brilhamos, que em nós há a mesma luz e que só depende de
nós fazê-la brilhar mais e mais longe e com mais intensidade, na medida em que
colocamos o nosso brilho à disposição dos outros.
Não entendemos que o nosso
crescimento espiritual é diretamente proporcional ao crescimento espiritual dos
que estão à nossa volta e que para crescermos é necessário que tudo o que está
a nossa volta também cresça.
E o
cúmulo da nossa ignorância é que não nos damos conta de que, por mais que a
nossa luz seja abafada, por mais que nós a sabotemos com sentimentos pequenos,
mesquinhos e egoístas, ela nunca deixa de brilhar.
Deus não permite que ela se
apague por completo, porque sabe que, mais cedo ou mais tarde, nós vamos
despertar desse torpor doentio e vamos precisar dessa pequena faísca para saber
por onde recomeçar.
Apesar
de sermos nós os necessitados, é Deus que jamais perde a fé e a esperança em
nós.
Ele permanece sempre acreditando no nosso potencial, na nossa capacidade
de vencer e no nosso discernimento para escolher o que é certo.
Ele sabe que
nada pode sobrepor-se à nossa natureza divina e espera incansavelmente pelo
nosso despertar.
Ele nunca nos abandona, muito embora nós mesmos, às vezes,
façamos questão de virar-lhe as costas para reclamar e nos revoltar por achar
que Ele nunca está por perto quando precisamos dEle.
Como
crianças mimadas, não percebemos que Ele está sempre ali, no mesmo lugar, à
mesma distância, bastando que nós mesmos nos viremos para nos aquecermos ao sol
do seu amor infinito, evitando as sombras do nosso orgulho e o frio do nosso
egoísmo.
O
brilho de cada um é uma faísca do próprio brilho de Deus em suas criaturas.
Cada vez que tentamos apagar o brilho de alguém, é contra o brilho de Deus que
agimos.
Cada vez que impedimos alguém de crescer, é contra a força de Deus em
nós que agimos.
Cada vez que sabotamos a felicidade de alguém, é a nossa
própria felicidade que sabotamos, já que a fonte de toda a felicidade é uma só:
o AMOR universal, DEUS.
Cada
vez que deixamos a nossa serpente interna engolir o vaga-lume do próximo, é um
farol a menos de que dispomos para iluminar a nossa estrada.
Quando, na
verdade, deveríamos sempre nos lembrar que, por menor que seja a luz do
próximo, ela sempre poderá nos servir ao menos como a pequena chama bruxuleante
que acende outra vela antes de se apagar.
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