— Basta de guerra — disse a coruja.
— O mundo é grande, e tolice maior que o mundo é andarmos a
comer os filhotes uma da outra.
— Perfeitamente — respondeu a águia.
— Também eu não quero outra coisa.
— Nesse caso combinemos isso: de agora em diante não comerás
nunca os meus filhotes.
— Muito bem. Mas como posso distinguir os teus filhotes?
— Coisa fácil. Sempre que encontrares uns borrachos lindos,
bem feitinhos de corpo, alegres, cheios de uma graça especial, que não existe
em filhote de nenhuma outra ave, já sabes, são os meus.
— Está feito! — concluiu a águia.
Dias depois, andando à caça, a águia encontrou um ninho com
dois monstrengos dentro, que piavam de bico muito aberto.
— Horríveis bichos! — disse ela. — Vê-se logo que não são os
filhos da coruja.
E comeu-os.
Mas eram os filhos da coruja. Ao regressar à toca a triste mãe
chorou amargamente o desastre e foi ajustar contas com a rainha das aves.
— Quê? — disse esta admirada. — Eram teus filhos aqueles
monstrenguinhos? Pois, olha não se pareciam nada com o retrato que deles me
fizeste…
Moral da história: Quem ama o feio, bonito lhe parece.
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