5) A porta larga e aberta das missões.
"Ficarei porém em
Éfeso até o Pentecostes; porque uma porta grande e oportuna para o trabalho se
me abriu; e há muitos adversários." (1Co 16.8-9).
Quem ingressa na realidade
do Reino de Deus adquire a mente de Cristo (cf. 1 Co 2.16), passa a ter um
coração comprometido com a expansão do Reino, com o serviço ao mundo, torna-se
servo de Cristo e de seu Reino, como Paulo descreve em seu discurso aos
presbíteros da Ásia Menor: "Porém, em nada considero a vida preciosa para
mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do
Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus." (At 20.24).
Precisamos reconhecer que
uma vida em Deus e para Deus é que nos faz ingressar nos lugares celestiais e
não deve fazer nos esquecer deste mundo; pelo contrário, nos compromete com a
aflição do mundo, como Deus revelou a Moisés: "... Certamente, vi a
aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus
exatores. Conheço-lhe o sofrimento: por isso, desci a fim de livrá-lo..."
(Ex 3.7-8). Paulo foi arrebatado aos lugares celestiais, e isso o fez mais
comprometido com a aflição e sofrimento do povo (cf. 2Co 5.14s). Jamais, o
ingressar no mundo celestial, tirou de Paulo a visão do compromisso da missão.
Nossa intimidade com o
Senhor, com seu Espírito, nos faz trasbordar do seu amor, porque Deus é amor
(1Jo 4.8), e o fruto do seu Espírito é o amor (cf. Gl 5.20). Assim, o amor
passa a ser a nossa marca; quem não ama a todos com o amor de Cristo, no mínimo
é um cristão incompleto, ou não é cristão de fato. Pois, "quanto mais puro
e perfeito for seu amor por outros, tanto mais semelhante a Cristo você mostra
ser" . É esse amor de Cristo que nos faz sentir o compromisso com a missão
com a luta e sofrimento de um mundo sem Cristo. Esse amor enche nosso coração,
mantém viva nossa gratidão pelo que Cristo fez por nós, e dizemos como Paulo:
"O amor de Cristo nos constrange". Com isso, nós sentimos profunda
paixão por Cristo, e profundo amor e paixão pelas vidas sem Cristo, pelo mundo
que nos cerca; nenhuma necessidade nos passa despercebida". Não se trata
de um simples compromisso de ortodoxia ou de dever "eclesiástico
missionário; trata-se da alegria de sentir, viver e praticar o amor de Deus.
Esta escolha nos faz entrar pela porta larga da missão, que o Senhor abriu a
Paulo e a sua Igreja. E nós somos parte disso.
Quando Paulo escreve à
igreja de Corinto, ele está em meio a um ministério de cerca de três anos em
Éfeso (cf. Atos 20.31), mas seu zelo com a obra o fazia enxergar a missão que
estava por vir, o Espírito lhe dava a visão estratégica de onde estava e para
onde devia ir, sua paixão por Cristo e pela missão o colocava permanentemente
na missão. É bom sublinhar que a porta larga que Deus abriu a Paulo, e segue
abrindo a nós, não aponta um caminho fácil, pois Paulo é claro, quando diz que,
junto a esta porta, "há muitos adversários" (cf. 1Co 16.9). Isto é,
há sofrimento, há dor na caminhada missionária, o que nos espanta, diante da
pregação do "Evangelho do Sucesso", que vem sendo pregado, numa negação
escandalosa do caminho da Cruz, do Evangelho da Porta estreita (cf. Mt 7.13s).
Vejam um exemplo da história do Metodismo que une, visão celestial, paixão por
Cristo e prática missionária, o exemplo é de João Wesley ; ele tinha 74 anos de
idade:
"Sexta-feira, 9 de
maio, cavalga de Osmotherly, a vinte e três quilômetros de Malton, Yorkshire,
sofrendo intermitentes ataques de febre. Ele prega. Ouvindo dizer que E.
Ritchie está muito doente, parte após o serviço, e chega a Otley, setenta e
dois quilômetros de distância, às quatro horas da madrugada no sábado.
Depois de ver o inválido,
volta a Malton, tendo cavalgado, como diz, cento e quarenta e cento e sessenta
quilômetros. Descansa uma hora, e depois cavalga trinta e três quilômetros para
Scarborough, e prega à noite. No domingo de manhã, está tremendo com febre.
Deitado entre cobertores, bebe limonadas quentes, transpira, e dorme durante
meia hora; levanta-se e prega. Depois, encontra-se com a sociedade. Na
segunda-feira, está pregando em Bridlington. Na terça-feira, está pregando em
Beverly, de manhã, e à tarde em Hull, tendo cavalgado cinquenta e quatro
quilômetros naquele dia. Na quarta-feira, cavalga trinta e nove quilômetros
para Pockington, prega, cavalga dezoito quilômetros mais longe para York, e prega
outra vez. Admite sentir seu "peito fora de ordem", e alegremente
descansaria. Mas é esperado em Tadcauster. Às nove horas da manhã, na
quinta-feira, está num coche, que se quebra. Pede emprestado um cavalo fogoso
de cujos movimentos, Wesley alegremente diz, "eletrificam-no", e ele
se sente melhor! Prega, e, naquela mesma noite, volta dezoito quilômetros para
York. No dia seguinte, toma a diligência para Londres."
No inverno de 1745, quando
era muito mais moço, com quarenta e dois anos de idade, no norte da Inglaterra,
uma pesada neve bloqueou todos os caminhos: "vento, granizo e neve fazem
do país uma camada de gelo intransitável. Os cavalos caíam e tinham de ser
guiados por Wesley e seus companheiros. No próximo inverno, este estava
"endurecido dos pés à cabeça por um violento nevoeiro".
Esta energia não era um
movimento inútil. Antes de o sol sumir-se, ele havia feito trabalho de diversos
dias. Ele era compelido pelo seu desejo de ajudar e salvar as pessoas. Há um
belo tributo a um pregador metodista do século 19: Hugo Price Hughes. Dizia-se
dele que "ele tomou antiga paixão pelas almas dos homens e a colocou na
corrente da vida moderna". Isso era o que os primeiros líderes metodistas
fizeram. É uma necessidade apostólica de todas as eras.
FONTE: Internet Vida
Cristã
Readaptação no estudo –
Pra. Eliane Ramos – Levando Jesus
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